sexta-feira, 9 de setembro de 2011

MEMÓRIAS DE GAGO COUTINHO

Gago Coutinho, Gago Coutinho, "Pigmeu" em aproximação no rumo zero nove cinco, dez milhas fora. Não sei se o número um já tem comunicações para pedir instruções de aterragem. (Prólogo de Manuel Ribeiro da Silva) 
1. - Estive lá em Novembro e de Dezembro de 1971 a Janeiro de 72, e tinha que fazer, assim como os meus camaradas, antes e depois de mim, o controle de aviões. Não tivemos aulas de controladores, nem de meteorologia. No entanto fazíamos o que podíamos e conseguíamos aprender na substituição de um por outro. Olhávamos para a manga e conforme ela estava, assim dávamos a velocidade do vento e a direcção. Olhávamos para o céu a dávamos a quantidade de nuvens e tipos delas. Não havia reclamações da parte dos pilotos. 
Uma vez apareceu na frequência HF e depois VHF o ten. Vítor, com um PV2 a solicitar informações de aproximação do AR.
Dei-lhas! 
Quando aterrou, foi direito ao posto de rádio para pedir explicações ao controlador, porque segundo ele, não estariam correctas em relação à quantidade e tipos de nuvens que encontrou ao chegar. 
Disse-lhe simplesmente, que era OPC e não controlador nem meteorologista. Resmungou, e disse que não podia ser assim, e foi-se embora do posto de rádio. Desde o tempo que me contactou até que aterrou houve mudança de estado do tempo, o que era normal lá. Além do HF, VHF, tinha mais um aparelho em HF, que não me lembro como se chamava, tinha canal codificado L, que era usado para colocar o avião na pista para aterrar.

2. - E aquele célebre almoço dado pela companhia de cavalaria que estava ao lado?. 
Nós tínhamos um serviço de almoço ou jantar, como se queira, mais ou menos completo, em "pirex", com jarros, travessas, copos etc. Quando fomos para almoçar, foi ao ar livre, debaixo duns telheiros. Tinham lá pratos e copos de alumínio. Como tínhamos o nosso serviço, pretendíamos que fosse servido neles, e também que o nosso pessoal civil nativo almoçasse connosco, o que era normal acontecer na nosso lado. O pessoal do exercito não achou isso bem, então resolvemos abandonar o almoço e vir almoçar ao nosso lado. 
Gerou-se um pouco de confusão e viemos embora.
Não sei quem era na altura o comandante do AR, seria um furriel piloto, mas não sei quem . Veio então o comandante falar com o pessoal e ficou tudo resolvido. Levámos os nossos serviços, fomos servidos pelo nosso pessoal civil e almoçaram connosco nas nossas mesas. Os pilotos e o sarg. de abastecimento almoçaram na mesa do comando do exercito. Não sei que pratos usaram, mas penso que foram os de alumínio.

3. - A água vinha do rio para um deposito e era fornecida pelo exército. Tinha, do local de captação até ao deposito, salvo erro, 5 ou 6 filtros de areia e 2 ou 3 químicos. Uma vez foi encontrado um nativo morto precisamente onde era captada a água. Só tínhamos 15 minutos de água, das 5 para as 7 da manhã até as 7, depois das 5 para o meio-dia até ao meio dia , e das 5 para as 7 da tarde até às 7, salvo erro era assim o horário. Íamos ao rio tomar banho, com água muito ferruginosa, o corpo parecia que se partia todo e depois vínhamos para o banheiro, e com 5 litros de água no jerricane, passar o corpo por água. 
Tempos um pouco difíceis , mas com muitas recordações. 

4. - Por falar em recordações, uma vez iam aterrando com um T6 em cima dum avião da Aerangol que estava a aterrar sem ter contactado com o posto de rádio! Eu desconhecia a chegada dele e informei o piloto de tráfego desconhecido. Quando olhei pela janela vejo o T6 quase em cima do outro. 
Pedi para borregar. Passei-me com o piloto civil e o nosso também se passou com ele. 

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