sexta-feira, 25 de novembro de 2011

AVIÕES DA AERONÁUTICA MILITAR - VICKERS VALPARAÍSO I, II E III

Em 1923 Portugal adquiriu em Inglaterra 14 aeronaves Vickers Valparaiso, designados I ou II, conforme estavam equipadas com motores Napier Lion (10 unidades) ou Rolls-Royce Eagle (quatro unidades). Estas aeronaves eram a versão de exportação do biplano Vickers Vixen II, e a denominação Valparaiso advinha-lhe do facto do seu protótipo ter sido fornecido ao Chile, e por isso ter sido escolhido o nome duma cidade chilena. Os Vickers Valparaiso I foram destinados ao Grupo de Aviação de Informação, em Alverca, com funções de reconhecimento. Os Vickers Valparaiso II foram dotar a Escola Militar de Aviação (EMA), em Sintra, para funções de treino avançado. Em 1928, uma patrulha constituída por dois Vickers Valparaiso I, com depósitos de combustível suplementares, tripulados por Celestino Pais de Ramos e António de Oliveira Viegas como pilotos, João Maria Esteves como observador, e o mecânico Manuel António, efectuaram uma viagem de 17.397 km, ligando a Amadora, Guiné Portuguesa, S. Tomé, Angola e finalmente Moçambique (Lourenço Marques). Em 1933, após o voo experimental em 28-7-1929 dum Vickers Valparaiso equipado com o motor radial Júpiter de 420 hp fabricado nas OGMA, deu-se inicio à adaptação dos aviões existentes à nova configuração, tendo as OGMA reconstruído mais doze Valparaiso II, que passaram a designar-se Vickers Valparaiso III, devido à nova configuração. Estes aviões foram destinados ao Grupo de Aviação de Informação, como então se chamava a unidade aerea da Amadora, comandada pelo tenente-coronal Ribeiro da Fonseca. Dois destes aviões foram para os Açores, onde foram utilizados para regulação de tiro anti-aéreo e levantamentos topográficos. (Crédito: Os Aviões da Cruz de Cristo - Mário Canongia, Dinalivro 1989)
Um dos 4 aviões Valparaiso II, equipados com motor Rolls Royce Eagle, destinados à E.M.A. de Sintra, utilizados para
treino avançado. (Crédito: M.C.Lopes)
Aviões Valparaiso II e III alinhados na Quinta do Marquês, Sintra, Portugal. (Crédito: Vickers Aircraft since 1908, Putnam)
Biplano de reconhecimento Vickers Valparaiso I no G.E.A.R.. O aparelho da foto ostenta a faixa diagonal vermelha dessa unidade, debruada a negro. (Crédito: E.M.F.A.)
Valparaiso II com motor Eagle, em Portugal. (Crédito: Vickers Aircraft since 1908, Putnam)
Vickers Valparaiso I, em Bolama, na Guiné, durante a viagem de 1928 que ligou Lisboa (Amadora) a Lourenço Marques.
Público no campo de aviação da Amadora, junto a aviões Vickers Valparaíso, Amadora, 1926.
Valparaiso I nº 11, pertencente à Esquadrilha de Informação do G.E.A.R., cujo emblema era um «gato preto», ostentado na fuselagem na mesma posição que o anterior. (Crédito: Museu do Ar, via Dr. Mário Correia)
Valparaiso I nº 9 da Esquadrilha de Observação do G.E.A.R. mostrando, pintado na fuselagem, e após a banda diagonal vermelha debruada a negro, e o número de série, o emblema dessa esquadrilha, um «diabo com óculo» (Crédito: Museu do Ar, via Dr. Mário Correia)
O.G.M.A. Vickers Valparaíso III nº 208 e 210 do Grupo de Aviação de Informação (G.A.I.) da Amadora, nova designação do G.E.A.R., e do qual ostenta na fuselagem a tradicional faixa diagonal vermelha debruada a negro. (Crédito:E.M.F.A.)
Medalha comemorativa das viagens dos Vickers Valparaiso I e II.

Os Vickers Valparaiso tiveram origem na familia de aviões Vixen, quando em 1922 a companhia Vickers decidiu aumentar as suas vendas desenhando um avião de dois lugares para substituir o Bristol Fighter e o D.H.9A, baseado no modelo F.B.14. O primeiro Vixen I, equipado com motor Napier Lion fez o seu voo experimental em Janeiro de 1923. A partir deste modelo sucederam-se várias alterações e vários modelos, durante cerca de 20 anos, até aos Vildebeest e Vincent, que ainda serviram no início da segunda guerra mundial. Outros modelos Vixen criados foram o Valparaíso, Venture, Vivid, Valiant, Vendance e Vespa.
A propósito dos Valparaíso em Portugal, transcrevo os seguintes trechos do livro Vickers Aircraft since 1908, Putnam: »The Diario de Noticias, a Lisbon newspaper, reported on 28 September 1925, that Lt José Cabral gave a breath-taking performance at an air display "with prodigious ease over an anxious crowd" while at another air pageant near Lisbon in the following year all the aircraft participating were Vickers Vaparaisos except one, an Avro 504K. In May 1928 two Valparaiso Is , piloted by Capts Ramos and Viegas, flew the Portugues colonies in Africa, Angola and Mozambique, and back, the outward flight covering 11.500 miles and taking 94 flying hours. The longest stage was from Vila Luso to Elizabethville and Broken Hill to Zomba, some 1.000 miles across Central Africa. For these days this was a considerable feat in equatorial conditions, There were only two involuntary landings by the two aeroplanes, and the only technical trouble encountered was with the fuel pumps, probably caused by impurities in the fuel supplies obtainable in regions then unaccostumed to aviation standards. The effort was particularly meritorious, as very stormy weather with heavy rain was encountred during the early stages. This was the first attempt to establish contact by air between homeland and the Portuguese African colonies, and the flight was sponsored by the Commercial Association of Lisbon.
About this time Vickers and Portuguese militar authorities, through agents, were considering the licence construction of the Valparaiso type by theirs aircraft factory at Alverca do Ribatejo. After the 540 hp Lorraine-Dietrich liquid-cooled engine had been considered it was decided to return a Valparaiso to Weybridge to be rebuilt to take the Gnome Rhône Júpiter VIa air-cooled radial engine. This version was designated the Valparaiso III, and was test flown at Brooklands on 28 July, 1929. To this Mk III standard, with the French-built Jupiters, at least 13 were constructed in Portugal. They gave a good account of themselves in service, according to Portuguese military information, up to as late as 1936. Four of them toured Northern France on a goodwill visit in 1935.»
O Vixen I no seu primeiro voo em Janeiro de 1923, com a sua fuselagem curta e radiador tipo automóvel.
O Vixen II que voou em Agosto de 1923, com fuselagem mais longa e linhas mais claras que o anterior Vixen I.
Diagrama do Vickers Type 71 Vixen. Créditos: jfs -ex-ogma.blogspot.pt

Sem comentários:

Enviar um comentário